domingo, 9 de outubro de 2011

Administrando conflitos

Dando continuidade ao tema falaremos sobre a cólera, um sentimento inerente a todo ser humano e que não é necessariamente um pecado, uma violação à Lei de Deus. É com frequência um fenômeno bioquímico, que independe da nossa vontade. Em segundos, o coração bate mais rápido, a pressão sanguínea se eleva, e o corpo passa da calma para o estado de alerta.

Porém, o apóstolo Paulo nos adverte: Irai-vos e não pequeis (Ef 4.26). Isso quer dizer que temos condições de controlar a sequência imediata desse processo fisiológico. Circunstâncias ou pessoas podem levar-nos à cólera, mas somos nós que escolhemos permanecer coléricos, e a cólera se torna ruim quando optamos por permanecer nesse estado.

Pessoas com tendência à cólera podem encontrar a origem desse sentimento na infância. Crianças que foram reprimidas em suas emoções podem, na fase adulta, defender-se da repressão criando problemas e indignando-se até diante de situações simples. As que foram criadas por pais que gritam por qualquer motivo podem fazer o mesmo pelo mecanismo de imitação, acreditando que é a maneira correta de relacionar-se.

As crianças vítimas de comentários negativos correm o risco de sofrer com o sentimento de inferioridade e de insegurança na idade adulta, permanecendo sempre na defensiva e encarando até mesmo um gesto insignificante como um ataque pessoal. Já as habituadas a “fazer cenas” para conseguir o que querem poderão tornar-se adultos que se irritam violentamente, ou que guardam rancor, são dissimulados e ignoram as pessoas que os cercam quando contrariados.

A cólera é uma manifestação enérgica resultante da infância que tivemos. Porém, quando adultos, podemos aprender a lidar com ela, direcionando-a para atitudes certas. A primeira é controlá-la, canalizando a energia para algo positivo para nós e para o próximo. Nessa situação não é pecado. A Bíblia diz: Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.

Não deixe a amargura habitar no seu coração, para não contaminar seu espírito, porque você perderá a graça de Deus, conforme Hebreus 12.15. Além disso, contagiará as pessoas que convivem com você.

A segunda atitude está relacionada ao pecado. Quando alguém se deixa dominar pela cólera, ou a reprime, ela se acumula no inconsciente, até o dia em que há uma explosão. Quando isso acontece, é normal que a pessoa se questione, transfira para outros alvos ou para si mesma a culpa por sua reação. Em alguns casos, esse comportamento, segundo estudiosos, pode levar à depressão, que é uma dor mal resolvida.

O ser humano tem de aprender a administrar seus conflitos, principalmente os internos. Cada conflito é uma oportunidade de mudança e crescimento na relação intrapessoal e interpessoal. Encare as desavenças com “bons olhos”, aprenda com a situação, mude sua postura e a maneira de perceber o outro.

Estejamos atentos aos nossos relacionamentos, pois um dos perigos do conflito é que ele pode matar em nós o desejo do amor fraternal. Acrescente à sua fé o conhecimento, e a este o amor fraternal, como recomenda 2 Pedro 1. O amor é a maior energia positiva no ser humano que pode ajudá-lo na solução de todos os seus conflitos.

Drª Elizete Malafaia é psicóloga, terapeuta de família, formada em Teologia e coordenadora do Grupo de Terapeutas Cristãos