O mineiro Thalles conta 600 mil discos
vendidos em três anos de carreira na música gospel. Filho de
pastores evangélicos, passou por mais de uma década de trabalho nos
bastidores da música secular – compôs ‘Lindos olhos’ para Seu Jorge, foi
vocalista de apoio do Jammil e Uma Noites e Jota Quest. Foi em turnê
com a banda conterrânea que ele teve uma epifania.
“Eu estava em um hotel em Curitiba com
um amigo no quarto, a gente estava usando drogas. Ele começou a me
agredir com algumas palavras, dizendo que meu objetivo era destruir a
vida das pessoas. Ele me ofendeu muito. Naquele momento eu comecei a
refletir sobre tudo o que eu estava fazendo”, diz Thalles em entrevista
ao G1.
Hoje casado e pai de dois filhos, de
três e cinco anos, o cantor e pastor evangélico é o maior sucesso de
público gospel brasileiro. Foi o maior vencedor do ‘Troféu Promessas de
2012′ e cantou no festival homônimo, transmitido pela TV Globo no último
sábado (15).
Confira a entrevista:
No Troféu Promessas, você
agradeceu à Ana Paula Valadão, disse que ela era um exemplo. Por quê?
Quando comecei a acompanhar a música
gospel, ainda estava no Jota Quest. Ouvia a Ana Paula cantando e me
sentia intrigado. Como uma pessoa no começo de sua juventude abria mão
disso para viver Deus? Não era o que eu vivia, e isso me deixava
confuso. Hoje consigo entender uma pessoa jovem dar sua vida para Deus. O
jovem quer curtir, quer balada, quer festa, quer aproveitar sua
juventude. Ela gastou a juventude dela falando de Deus. Isso é um
exemplo para todos nós.
O que te fez mudar de ideia?
Foi a minha conversão mesmo. A minha
aceitação de Jesus como Salvador. Mudei de opinião e comecei a olhar as
coisas com a perspectiva de Deus. É muito legal ser um instrumento,
andar pelo Brasil falando de Deus. Hoje faço parte desse time.
Metade das atrações do Festival
Promessas (Thalles, Diante do Trono e André Valadãox) veio de uma igreja
só, a Batista da Lagoinha de Belo Horizonte. É uma igreja milagrosa?
Qual é sua história nela?
Ela é muito especial. A música gospel
mineira tem uma proporção gigantesca no meio. Tem uma pessoa especial, o
pastor Márcio Valadão, pai do André e da Ana Paula. E é “meu pai”
também, me ajudou muito no início da carreira – financeiramente,
espiritualmente, como amigo, orando por mim, pagando minhas dívidas,
minhas contas, me aceitando e deixando participar do culto. Lá é sim um
celeiro de talentos.
Quanto tempo você tem de
carreira, e quanto na música evangélica?
Eu canto desde cinco anos, estou com 35.
Carreira eu considero desde que se começa a levar a música a sério. Aos
15 anos eu decidi não fazer nada além de cantar. Então são 20 anos.
Música gospel são três anos. É um tempo curto para esse nível de
reconhecimento. Mas eu acredito que é uma coisa de Deus mesmo, ele me
separou para fazer isso.
Qual a diferença, para você,
entre ser músico e ser músico gospel?
A mensagem mesmo. O que o músico secular
que falar é da vida dele – amor, namoros, traições, noitadas. A gente
fala das nossas experiências com Deus. A alegria que sentimos, a bênção
que é você não guiar sua vida, mas deixar Deus dirigir tudo.
No clipe de ‘Deus da minha vida’
você conta uma história sobre iluminação. Como aconteceu?
Eu estava em um hotel em Curitiba com um
amigo no quarto, a gente estava usando drogas. Ele começou a me agredir
com algumas palavras, dizendo que meu objetivo era destruir a vida das
pessoas. Ele me ofendeu muito. Naquele momento eu comecei a refletir
sobre tudo o que eu estava fazendo, a maneira que estava conduzindo
minha vida, minhas baladas, noitadas, “chapações”. Meu contato com a
droga vinha me prejudicando e também às outras pessoas. Decidi voltar
para a Casa do Pai. Foi como se a luz de Deus viesse dentro do meu
quarto e dissesse: “Meu filho, você esta perdido pra caramba, precisa
endireitar seu caminho”.
Era uma viagem de turnê?
Estava em turnê com o Jota Quest.
E como você fez? Anunciou no
outro dia que ia sair da turnê?
Comecei a pedir para Deus em orações
para mostrar o meu caminho. Eu não tinha como sair, dali eu tirava meu
pão, o sustento da minha família. E Deus começou a me levar para o
caminho que ele tinha para mim. As coisas começam a acontecer sem que
você tenha controle sobre elas. As portas começaram a se abrir. Depois
disso eu ainda fiquei dois anos no Jammil e Uma Noites. Depois é que eu
realmente decidi sair. Primeiro eu parei de fumar, de usar drogas, de me
prostituir. Fui cortando tudo o que me atrapalhava e atrapalhava a vida
das pessoas.
Se prostituir em que sentido?
No sentido de pegar todo mundo, pegar
mulher casada, ficar com um monte de mulher, fazer suruba, rolava tudo.
Aí Deus foi me ensinando que a vida não era assim, eu tinha sido criado
para ter uma família, para viver uma vida em paz.
Você já compôs para artistas
seculares como Seu Jorge. Pretende continuar fazendo isso?
Não, agora estou 100% com o gospel. A
gente fala da nossa verdade, e aquilo não é minha verdade. Eu faço
algumas músicas românticas, canto para minha esposa. Talvez no futuro a
gente possa gravar um disco de músicas românticas para a família.
Seu show tem presença de black
music. Quais são suas influências musicais?
Lionel Ritchie, Stevie Wonder, Michael
Jackson, Lenny Kravitz, Dianna Ross. Foram as coisas que eu mais ouvi.
Também Mariah Carey, Boyz II Men.
Ainda escuta música secular?
Hoje eu não ouço nem música secular nem
gospel. Eu quero tirar a minha essência do coração.
Como você avalia hoje sua
experiência no Jota Quest?
Foi muito positivo. Eu sou amigo dos
meninos até hoje, a gente conversa sempre. Acho que eu aprendi muito
ali. Acho que meu som não tem nada a ver com Jota Quest. Mas aprendi a
passar a verdade ali no palco. Ter presença de palco, fazer entrevistas.
Foi um tempo de muito aprendizado em todos os aspectos.
Mas voltaria para uma turnê?
Não, em hipótese alguma.
Fonte: G1
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